segunda-feira, 5 de abril de 2021

AH, ESSAS MULHERES

 Por Sabrina Campos @sabrinarjbr 


Quem é ela? A mulher que estuda, trabalha, treina na academia todos os dias da semana, não perde a hora de entregar os filhos na escola e os busca com muita animação. Sim, afinal, os filhos são sua única alegria, ela faz de tudo para protegê-los. 

Ela estuda para se aprimorar, conquistar promoção, e, trabalha mais horas do que deveria porque precisa economizar recursos. O parceiro está desempregado, não contribui com a criação das crianças e nem ajuda a prover o sustento dos pequenos.

 Ela encontra no acúmulo de tarefas o alento das brigas costumeiras em casa, muitas vezes violenta. Por isto abusa das calças e das camisas no trabalho, o casaco que se justifica pelo ar-condicionado do curso de pósgraduação, macacões nas salas de ginástica. Ela geralmente está coberta de hematomas. 

Quem é ela? A mulher que é criticada quando é submetida à cesariana, ao invés da realização de um parto normal, quem sabe, em casa, ou na piscina, ou de cócoras no chão do banheiro, agarrada ao vaso sanitário, enquanto vomita. É natural, é “politicamente correto”, é o que lhe recomendam, e, bem, quem se importa com a opinião dela própria? 

Ela, que é criticada quando decide pelo parto normal, quando não consegue amamentar, quando amamenta o bebê por mais tempo do que dizem ser necessário. Não é mais um bebê, é uma criança! Para ela, é bebê sim, ela irá alimentar seu filho quando e onde ele sentir fome. Mesmo sendo criticada ao amamentar em público. 

Ela, que é criticada quando amamenta num banheiro público, pois teme os olhares repreendedores, os comentários hostis de quem passa por perto. Ela que se esconde no banheiro, mesmo público, para chorar porque nunca conseguiu amamentar. Ela que, quando soube que estava grávida, logo ouviu que todo mundo sempre saberia o que seria melhor para o seu filho, mais do que ela mesma. 

 Quem é ela? Ela que nunca quis engravidar, sempre quis uma bela carreira. Detesta cozinhar, envia as roupas para a lavanderia, tem horror a supermercado. Bem, a não ser aqueles 24 h, em que sempre se consegue esbarrar em um solteiro charmoso entre os corredores de comida pronta. 

Ela que é criticada porque detesta crianças. Detesta o barulho, o fato de estarem sempre esbarrando em suas pernas, dificultando se manter equilibrada nos saltos altíssimos, e, claro, as mãozinhas meladas em direção às suas roupas de grife. Jamais a convide para ser madrinha de alguém. Só comparece a aniversários se houver gin. É preciso um bom drink para aturar festa com criança.

 Ela que é criticada porque acha a maternidade ultrapassada. Crê que o mundo é injusto e cruel demais para se responsabilizar em trazer um inocente para esse caos. Ela curte seu cão, pois cuidam bem um do outro, é uma grande companhia, dá menos trabalho. 

Quem é ela? Ela é aquela que adoraria ser apenas mãe. Sente-se culpada porque precisa trabalhar, e, este tempo afastada dos filhos não voltará jamais. Ela daria tudo para ser a dona de casa que nem sempre está absolutamente esgotada. Noites em claro para cumprir prazos de trabalho, lava, passa, cozinha, arruma, faz dever com a garotada, confere a matéria para a prova, e, nunca consegue desligar o celular. 

Ela é aquela que lê receitas na internet, mas nunca tem tempo para fazer nada elaborado. Ela promete a si mesma que chegará mais cedo do escritório, mas pede ajuda à sogra novamente para cuidar dos netos. Ela sonha em tomar café-da-manhã em família, sem que estejam atrasados para os compromissos de rotina ou exaustos nos finais de semana. Ela só queria ser mãe todo o tempo. Mãe só dos seus filhos. Não do marido, nem do chefe, nem das amigas... de todos que a criticam porque deveria trabalhar mais, pois os filhos “atrapalham”, ou, porque deveria trabalhar menos, pois os filhos precisam dela. Ela sabe.

 Quem é você? Talvez algumas delas, muitas delas, nenhuma delas. Mulheres, por que tantas críticas e tão pouca aceitação, de si, da outra? Cuidemse, amem-se, ofereçam a mão uma para a outra, calem mais vezes quando necessário acalentar, defendam a outra quando for preciso fortalecer. De todo o jeito, saibam: o verdadeiro empoderamento feminino está na valorização de si mesma, na autoestima elevada, na confiança em si própria. 

Busque ser feliz, e, permita-se sê-lo! Faça a sua voz ser ouvida!

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